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Desafios educacionais das altas habilidades/superdotação


DESAFIOS EDUCACIONAIS DAS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Há um problema de políticas publica, pois o conceito de Alta Habilidades ou Superdotação (AH/SD) foram estabelecidos pela  LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) em 1951 e até 2024 ainda é o mesmo : AH/SD compõem o público-alvo da Educação Especial e são caracterizados como aqueles que apresentam potencial elevado, de modo isolado ou combinado, nas áreas “intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse” (BRASIL, 2008, p. 9).

A definição e compreensão do termo "altas habilidades/superdotação" são fundamentais para identificar e apoiar adequadamente crianças que demonstram capacidades ou potenciais avançados em diversas áreas. Segundo Renzulli e Reis (2010), crianças com altas habilidades/superdotação são aquelas que exibem habilidades excepcionais ou potenciais avançados em comparação com seus pares em uma ou mais áreas específicas, como capacidade intelectual, criativa, artística ou de liderança.

Como abordado no artigo "O Papel do Ambiente no Desenvolvimento da Altas Habilidades/Superdotação Infantil", crianças com altas habilidades/superdotação não se destacam em todas as áreas. É necessário identificar suas características distintivas para garantir que recebam os serviços e o suporte educacional adequados, permitindo-lhes explorar plenamente seu potencial e talento. No entanto, a sobreposição dessas características com dificuldades de aprendizagem torna a identificação desses alunos um processo complexo e desafiador. As crianças com altas habilidades/superdotação, independentemente de sua origem racial, étnica ou status socioeconômico, compartilham traços e características comuns que as distinguem. De acordo com Davis e Rimm (2004), essas características podem incluir pensamento avançado, intensidade emocional, autoconsciência aumentada, curiosidade desenvolvida e excelente memória. A compreensão dessas características é essencial para identificar e apoiar adequadamente crianças com AH/SD em suas jornadas educacionais e de desenvolvimento socioemocional.

As definições de altas habilidades/superdotação variam de acordo com o contexto e podem influenciar as decisões importantes tomadas nas escolas em relação à elegibilidade e aos serviços educacionais oferecidos. Por exemplo, em alguns estados dos Estados Unidos, como Illinois, critérios específicos são estabelecidos para a identificação de alunos com AH/SD , com base em pontuações em testes de aptidão. Além disso, a definição federal de altas habilidades/superdotação, conforme destacado pela NAGC, enfatiza a necessidade de serviços ou atividades especiais para desenvolver plenamente as capacidades dos alunos com altas habilidades/superdotação. A identificação de crianças com AH/SD geralmente envolve uma combinação de testes e avaliações, incluindo testes de QI, como o Stanford-Binet ou o WISC. No entanto, é essencial reconhecer que as altas AH/SD vão além do QI e abrangem uma variedade de habilidades e potenciais. Por exemplo, um aluno com altas habilidades/superdotação pode ter um QI muito alto e habilidades excepcionais em matemática, mas enfrentar dificuldades com a dislexia, afetando sua capacidade de leitura e escrita. Da mesma forma, outro aluno com altas habilidades/superdotação pode ser altamente criativo e talentoso em arte, mas também enfrentar desafios associados ao TDAH, como dificuldade de concentração.

No contexto brasileiro, as definições e abordagens em relação às AH/SD e às necessidades educacionais especiais podem variar. Por exemplo, o Ministério da Educação (MEC) do Brasil caracterizou as altas habilidades/superdotação como uma elevada potencialidade de aptidões, talentos e habilidades, destacando o alto desempenho em quatro áreas como foi mencionado acima. Isso sugere uma compreensão ampla e AH/SD, enfatizando não apenas o aspecto cognitivo, mas também talentos e habilidades em outras áreas. Assim como nos Estados Unidos, a identificação de crianças com AH/SD no Brasil muitas vezes envolve uma avaliação abrangente que vai além dos testes de QI, reconhecendo a diversidade de habilidades e potenciais. No entanto, é importante notar que os critérios e métodos de identificação podem variar entre as diferentes instituições e redes de ensino no país.

No contexto das chamadas crianças "duas vezes excepcionais" (2e), tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, os desafios são semelhantes. Esses alunos podem apresentar talentos e habilidades excepcionais em uma área específica, enquanto enfrentam dificuldades de aprendizagem ou possuem alguma deficiência. Identificar e atender adequadamente a esses alunos demanda uma compreensão profunda de suas necessidades individuais e pode envolver uma gama de intervenções educacionais e terapêuticas adaptadas.

Portanto, reconhecendo as nuances e particularidades de cada contexto, é fundamental garantir que os alunos com altas habilidades/superdotação e aqueles com necessidades educacionais especiais recebam o apoio e os recursos necessários para desenvolver plenamente seu potencial em um ambiente educacional inclusivo.

A superdotação não é considerada uma deficiência, embora alguns alunos superdotados também possam enfrentar desafios de aprendizagem, como dislexia, TDAH ou transtorno do espectro autista. Esses alunos são conhecidos como alunos duas vezes excepcionais (também chamados de 2e). Identificar esses alunos muitas vezes requer avaliação por profissionais capazes de reconhecer suas áreas excepcionais, o que pode ser complicado devido à sobreposição entre elas.

Os dons e talentos de uma criança superdotada não desaparecem, mas podem ser suprimidos ou mal compreendidos, levando à falta de identificação adequada. Alguns traços que podem dificultar essa identificação incluem desenvolvimento assíncrono, falta de habilidades de estudo e subdesempenho acadêmico, que podem ser influenciados por fatores como necessidades especiais, falta de motivação, questões psicológicas ou depressão.

Intervenção é muitas vezes necessária para reverter o subdesempenho dos superdotados, incluindo compreensão das causas subjacentes e fornecimento de desafios adequados. Além disso, apoio socioemocional e acadêmico é essencial para o desenvolvimento pleno dessas crianças. Isso pode incluir programas educacionais especializados, agrupamento de habilidades, aulas extras ou acesso a escolas públicas para superdotados.

Fora da sala de aula, programas para superdotados podem oferecer oportunidades para explorar interesses únicos e formar conexões sociais com colegas intelectualmente semelhantes. É fundamental trabalhar em colaboração com professores, pais e profissionais para fornecer o suporte necessário para crianças superdotadas em todas as áreas de suas vidas.

As altas habilidades/superdotação são características complexas que demandam uma abordagem holística para identificação e apoio adequados. Reconhecer e compreender as diversas definições e características associadas às altas habilidades/superdotação é crucial para assegurar que crianças com essas características recebam o suporte necessário para alcançar seu potencial máximo. Além disso, é imperativo reconhecer e abordar as dificuldades adicionais enfrentadas por alunos 2e, garantindo-lhes uma educação inclusiva e adaptada às suas necessidades individuais. Ao fazê-lo, promovemos um ambiente educacional mais justo e enriquecedor, onde todos os alunos têm a oportunidade de prosperar e contribuir de maneira significativa para a sociedade.

 

Nota: 

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 27833, 23 dez. 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial (Seesp). Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/Seesp, 2008.

Davis, G. A., & Rimm, S. B. (2004). Educação de alunos superdotados: a base empírica. Cengage Learning.

Renzulli, J. S., & Reis, S. M. (2010). A abordagem do modelo triádico para a identificação e desenvolvimento de talentos. Em B. MacFarlane & A. Stambaugh (Eds.), Escola para talentosos e talentosos: desenvolvimento curricular (pp. 15-30). Prufrock Press.

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